sábado, 12 de dezembro de 2009

Por onde anda Marinilda ?


Esquecimento são lapsos da memória, é o arquivo vivo que habita as lembranças, adormecido, um fichário de sentidos e sentimentos plenos que move a inconsciência no instante em que algum momento do passado ressuscita, no silêncio da palavra, reacendendo tudo que fôra um dia vivo, perdido no espaço do tempo vivido, que só está esquecida nos sonhos e na realidade...

Pessoas, lugares, cheiros, sensações, vultos... Espectros sublimes que abordam também o bem e o mal: dos sons que reverberam, das imagens recheadas de sentimentos difusos, das fragrâncias etéreas, dos sabores, das percepções, do inimaginável... Saudade...

Por onde anda Marinilda ?...

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

As calçadas

O Sistema de Transporte e Convívio Urbano em Maceió é de se ver pra crer; A educação dos motoristas quanto aos pedestres até parece brincadeira de mau gosto; A ocupação das calçadas – desde vendedores ambulantes à Placas fixas e é claro como estacionamento; O número de veículos particulares nas ruas é alarmante; As paradas de ônibus não têm sombras, nem abrigos suficientes; As calçadas são desniveladas, despadronizadas, cheias de entulhos, restos de obras e pedaços de placas arrancadas; enfim, a era do Homem Máquina já é real. As pessoas não vivem a cidade, trafegam por ela. Os Homens do poder navegam em suas super máquinas, que mal cabem nas vagas para automóveis, com vidro fumê e janelas fechadas, no ar-condicionado, grudados em seus celulares, não enxergam um palmo de vida ao seu redor. É triste assistir a toda essa falta de interesse público pelo que é legitimamente do Povo.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Insatisfação

Em certos trabalhos
Há uma mudança de quadro freqüente
Gente a chegar e partir
Pra melhor e pra pior
Num universo de glória e decepção
De posicionamento e esperança
Alguma influência
E entre tantos que se cruzam
Vínculos nascem e morrem
Paixões e ódios
Reflexo da instabilidade.

Tem certos trabalhos
Que somam e outros que diminuem
Um teatro de cordas bambas
Uns caem e em cambalhotas se safam
Outros pulam de patamares
Tantos passam de fininho
Enquanto uns quebram a cara
Mas todos em seus destinos
Uns ganhando um tanto
E tantos ganhando bem menos
Nessa tal desigualdade.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

ser ou não ser

Tenho alguns amigos em situações muito parecidas e muito difíceis de lidar. Pois tiveram uma juventude no âmago da liberdade, repleta de curtição plena, e puderam experimentar um pouco de tudo na vida, ou pelo menos conhecer ou chegar perto de tanto, mas foram destinados a serem assim. Nada existe por acaso. Somos frutos da socialização, desse universo do bem e do mal, desses pólos extremos como a verdade e a mentira, o amor e o ódio, sentidos e sentimentos abertos, escancarados no deslumbre da ‘vida louca vida’, carimbados por suas atitudes sempre ousadas, não se renderam as mesmices da hipocrisia intolerante.
Caíram às margens dos grandes latifúndios das ovelhinhas ordeiras, experimentando os ares dessa liberdade, mergulharam fundo no mundo das drogas, conheceram suas ondas, noitadas cotidianas, embriaguês absoluta, durante anos, desde ainda meninos, até que chegou um dia em que o amor falou mais alto, encontraram a mulher companheira, casaram-se, vieram os filhos, mas os cabras ainda continuavam com a mesma bebedeira, tudo era motivo pra se beber, sempre estavam bêbados, até que um deles resolveu não mais beber, sossegando.
Hoje eles vivem tranqüilos, sem a bebida, mas mantêm um costume que não abdicam: adoram fumar um baseadozinho ‘na baixa’, e é aqui onde mora a grande questão. A bebida alcoólica é um inferno nas vidas das famílias e no entanto é uma droga adorada pela sociedade, sociedade que ergue o caneco da Seleção Canarinho com o patrocínio da Cerveja Bhrama, estimulando desde a pré-infância, através dos Meios de Comunicação, ao consumo exacerbado dessa droga tão potente, uma droga que transforma completamente as personalidades, mais que legalizada, propagada pelos mais diversos meios para atingir todos os sentidos, numa alienação de massa e uma cultura de loucura generalizada.
Nessa propagação sempre a imagem da felicidade acompanhada de excelente comportamento, de muitas pessoas ‘bonitas’, sorridentes e felizes, sem problemas, nunca mostram os transtornos causados pelo uso abusivo dessa droga, ao invés de se coibir, inda ouve-se murmurinhos: “bichinho, tá bebo !”, “deixa pra lá, ele ta bêbado.”, “amanhã, quando ele acordar, ele resolve tudo isso.”, “coitado...”; são todos perdões. Os caras batem nas mulheres, nas crianças, viram bestas feras incontroláveis, não controlam suas falas, nem coordenam os raciocínios, tudo passa como um furacão, e muitos ainda acham graça em tudo isso. Quantos maridos já esbofetearam as caras de suas companheiras; deram surras em seus filhos; brigaram com a família; mataram-se ou mataram alguém, todos levados por uma personalidade involuntária causada pelo consumo de bebidas alcoólicas.
Quando não causaram acidentes fatais; assassinaram; foram mortos... Quanto constrangimento, quanta cara-de-pau. Mas não, a birita é sagrada, dá altos lucros ao poder. Todo problema é a maconha, porque introverte a pessoa, a deixa calma, tranqüila, mas não tem selo e portanto não tem embalagem padronizada, não se paga impostos, entre tantas outras razões infundadas, eclodem nesse dilema: ser maconheiro é ser bandido ? Porque os usuários de maconha são tratados igual a um assassino, a um ladrão, um delinqüente ? Por quê, como e quando houve essa proibição em Leis Governamentais ?!...
Com isso, vem a convivência dos seus filhos com os amigos, que começam a freqüentar as casas uns dos outros; por um lado o preconceito porque eles são ‘maconheiros’, os visinhos, o patrão, toda a sociedade a ter a imagem do ‘maconheiro’ com um ser monstruoso, assassino cruel, estuprador implacável, bandido, essa é a imagem que a sociedade tem dos que fumam a ‘erva maldita’, mas para os que gostam dessa erva, para os que a conhecem de perto, a imagem é completamente outra. Um universo de paz, silêncio, sentimento, sorriso, viagem, amor... Um maconheiro, ou como costumam dizer, bomconheiro, fuma vários baseados e mantém-se sociável, é capaz de freqüentar rodas de papo e ninguém sequer perceber se ele fumou ou não, pode-se perceber que a pessoa fica mais pensativa, quase sempre bem humorada, um pouco mais lento, viajando em outros universos, mas sempre em si. Introvertido. Eles têm essa consciência. Mas o preconceito social é muito ríspido quanto a maconha.
Durante gerações que se diz que ela é do mal. A ponto de reduzir seus usuários equiparadamente aos piores bandidos... Preconceito imposto pela propaganda humana, registrado em Leis por força das indústrias e do comércio, degradando um cidadão ao patamar de bandido por fumar um simples baseado. Me desculpem os mais retrógrados, mas isso é pura hipocrisia.

domingo, 27 de setembro de 2009

Sobrevivendo





Sequência de fotos da companheira Cláudia Galvão (Alagoas 24 Horas)

Sinto-me obrigado a esclarecer sobre a agressão que sofri no dia 25, pela manhã, na porta do Fórum de Maceió. Eu, como Repórter Fotográfico, representando o O Jornal e vários outros companheiros de outras Mídias, esperávamos um grupo de pessoas que haviam sido presas em Olho D’Água das Flores, quando chegou um ônibus. Todos nós da Imprensa corremos para registrar a chegada, só que essa gente que acabara de descer do ônibus não eram os que esperávamos; eram detentos reeducandos que iam depor na 17ª vara. Mas até então nada sabíamos e começamos a filmar, fotografar e os repórteres a fazer as perguntas, as rádios entraram ao vivo, enquanto, em fila o grupo se dirigiu para o Fórum. Acocorei junto ao muro a fim de pegar uma perspectiva da fila, o agressor, de camisa escura listada na vertical, estava escondido por trás de outro detento, da camisa amarela, já com a intenção da agressão, quando de repente, percebi um vulto em minha direção, só tive tempo de inclinar meu corpo um pouco mais para baixo, antes de ser atingido por um forte chute, que vinha na direção da câmara que estava colada em meu rosto, a esquiva que dei foi o suficiente para não ser atingido de cheio. Nada tive, nem a câmara. Eles continuaram, em fila, a caminho pro Fórum, levantei-me e olhei se a câmara tinha sofrido algum dano, vi que não, então corri e ainda os alcancei, registrei o resto da passagem deles até a entrada no Fórum. O comandante da operação policial que os acompanhavam me procurou, disse que o Juiz havia ficado indignado com o acontecido, e confirmou que o detento iria à delegacia para prestar a Ocorrência da agressão, em pouco tempo os sites e as rádios que ali estavam já haviam divulgado o fato, recebi ligação do Editor do O Jornal, do Sindicato dos Jornalistas, do sub-secretário de Comunicação do Estado, vários familiares e amigos.

São coisas do Ofício, não sou o primeiro jornalista atingido por bandidos e é notório o quanto somos odiados pelos infratores. Todos que de algum modo estão envolvidos em algum tipo de crime, corrupção, agressão física, enfim, todos os bandidos detestam ter suas imagens divulgadas como tais. Temos a obrigação de registrar, nossa função social é essa: captar o flagrante. É claro que ninguém gosta de ser agredido, nem eu. Fica aquela angústia carcomendo nosso interior, sobra uma dúvida replicante, sobre essa função de Repórter Fotográfico (Cinematográfico): ninguém gosta de aparecer no jornal como ‘bandido’, mas o cara é um bandido, lamento pelos inocentes, mas muitos dos crimes desses bandidos vêm à tona quando suas imagens são divulgadas. Chego a sentir-me culpado, chego a achar que essa profissão é por demais mal visada. Pois somos os representantes da informação mais clara, mais verdadeira, mais plena de realidade, sem menosprezar os repórteres que compõem o texto (pois por mais precisa que seja uma descrição física de um personagem, nunca terá mais exatidão do perfil quanto na imagem), e isso nos transforma no terror dessa bandidagem. Quer sejam os ‘gabirus’ ou os ‘taturanas’, quer sejam bandidos pé-de-chinelo que praticam pequenos furtos, quer sejam gangs fortemente armadas que assaltam bancos e condomínios e seqüestram, enfim, pra nós não importa, pois temos a função de retratar, seja quem for.

Estamos sempre na linha de frente da batalha, somos os abre-alas dessa orquestra regida pela força de vontade, dessa força que flui da necessidade que a sociedade tem de saber dos fatos que ocorrem em seu cotidiano. Somos um batalhão em que se consiste a tarefa maior de olhar de frente o olho-do-furacão, de peito e cara abertos, representantes do valor histórico dos acontecimentos dessa evolução a que vivenciamos, encaramos os entraves com coragem e ação, aos trancos e barrancos, conduzindo câmaras que captam a realidade, como denominam a ‘Fotografia’ (escrever com a luz) o povo oriental: Sha-shin (reflexo da realidade).

Triste, um pouco deprimido, ergo-me e vou adiante, seguro de minhas expectativas, ciente dos entraves, pleno de amor pelo que faço, dar continuidade a saga existencial dos que compõem a gleba que mantêm acesa a chama da informação. Obrigado a todos que me apoiaram, me apóiam e estarão comigo, pro que der e vier.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Não consigo não me indignar.

Acho que estou passando por uma crise diante toda realidade a que assisto no cotidiano, principalmente com os automóveis. Esses monstros são insuportáveis ! Essa máquina pulsa como um animal, de alguma maneira ela domina de tal modo seus condutores, que me assusto só em pensar em como tais condutores conseguirão viver sem ela. Chego mesmo, esmiuçando em proporções, a vislumbrar esse ser comparando-o a um cupinzinho, uma formiguinha que conseguiu criar para si a capinha protetora e uma dinâmica suspensa de deslocamento, que o ajuda e transportar-se por todo espaço possível. É lindo. Mas elas não deveriam ser tão cruéis, tão sem coração. E também não deveriam poluir tanto. Por ela as cidades tendem ao enclausuramento, por ela a condição bípede humana reduz-se pela metade. Essa máquina extremamente poluente é absolutamente necessária. Não sei em outros lugares, outras cidades, outros países, mas aqui em Maceió esse universo automotivo é absurdo. Existem pontos (lugares) e picos (tempo) que é melhor desviar a rota ou ficar enclausurado em casa, calçadas de intensa relação caminhante vrs automóvel (estacionando sobre a dita cuja), horas de rush com fechamento de sinal (carro avançado no sinal vermelho impedindo a evolução da outra mão), com idiotas businando em vão, maioria dos carros vazios, com 1 ou 2 pessoas, poluição até umas horas... 99% dos condutores cometem em algum momento uma ação contra o pedestre ou contra o próprio desenvolvimento do trânsito... Não adianta alguém querer bater no peito e dizer que não faz, porque faz também. Não há condutor, que as vezes até sem querer tanto, não estacione em uma calçada, deixe de parar numa faixa de pedestre, não avance um sinal, não buzinou insistentemente. Existem alguns “estacionamentos” completamente irregulares, principalmente quando se trata dos veículos mais longos (principalmente as camionetes), como na praça Centenário e todo aquele entorno do Farol. Para o condutor, que já não caminha pela cidade, é uma besteira, ele só vai fazer uma comprinha ali e já volta, o que é que tem, é rapidinho, mas não sabe ele que as vezes vêm por ali uma velha, crianças, gente, enfim, não tem que obstruir as calçadas, é um mínimo. Mas não, pelo contrário, são todos uns caras de pau. Fodam-se os outros ! Egocentrismo crônico, é disso que se trata essa relação.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Vergonha ESTADUAL !

“Nos próximos sete anos, 33 mil jovens entre 12 e 18 anos poderão morrer assassinados nos 267 municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes. A conta, apresentada hoje em um estudo preparado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e a Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), mostra ainda que, nessas cidades, a cada mil adolescentes de 12 anos, dois devem morrer de forma violenta antes de chegar aos 18”. Notícias* como essa são tratadas como corriqueiras, nós suspiramos, refletimos e lamentamos, mas nada podemos ou queremos realmente fazer. Tudo em nosso universo social são números, são dados, estatísticas, que denigrem a imagem evolucionista da humanidade.

A notícia* vai mais adiante: “Esse índice, no entanto, sobe muito quando se analisa as 20 cidades com maiores taxas de mortalidade jovem no País. Em primeiro lugar aparece Foz do Iguaçu (PR), em que 9,7 a cada mil jovens de 12 anos devem morrer antes dos 18. Em segundo lugar está Governador Valadares (MG), com 8,5 por mil. Entre as capitais, a primeira é Maceió (AL)...”. Será possível que de Alagoas não se tem boas notícias nesses números tão apavoradores ? Em todos os índices de tudo que é ruim nessas pesquisas, IDH e etc, este Estado aparece sempre como vilão. Se é a expectativa de vida para a juventude, se é o analfabetismo, se é o trabalho escravo, se é a corrupção plena, se é saúde, transporte, educação... O pior. Que pena, as vezes dá vergonha de ser alagoano. Não pelo seu povo ordeiro, trabalhador. Mas pelos seus dirigentes, da esquerda e da direita, incompetentes e desleais. Todos os três poderes muito bem aquinhoados desmerecidos pela realidade da população.

Da notícia* ainda recortei mais dois trechos: 1) “"O perfil desse jovem que morre assassinado é negro, de baixa escolaridade, morador de área carente. Um jovem negro tem 2,6 vezes mais chances de morrer assassinado que um branco; um homem adolescente, 12 vezes mais chances que uma menina", explicou Ignacio Cano, pesquisador da Uerj.”. e 2) “Entre 1990 e 2007, o número de mortes até cinco anos caiu de 137 mil por ano para 51 mil por ano. Mas 65% desses jovens estão deixando de morrer na infância para morrer na adolescência”, afirmou Manuel Bunovich, representante adjunto do Unicef no Brasil.”. É muito importante lembrar que esse texto trata de mortes violentas, assassinatos, não se refere às mortes naturais e acidentais. Pois trata-se de uma guerra civil plena, entre os miseráveis e os ricos, com as televisões a estampar conceitos inúteis em suas propagandas cheias de preconceitos e glamour ! Uma programação vulgar, quase sempre repleta de linguagem chula e informações extremamente filtradas, mentindo e iludindo, ludibriando as mentes com mensagens subliminares. O que me leva a refletir que o pior bandido usa terno e gravata, as vezes togas, e quando não, sem nada fazer, usam tangas nas praias do Caribe.

São nossas crianças, soltas nas ruas, desprotegidas, despreparadas, revoltadas com a condição que se lhes destina a existência. Faz algum tempo vi uma estatística que apontava o Brasil, entre 100 países do mundo, como 97° colocado em distribuição de renda, pau-a-pau com Honduras e Serra Leoa. Pior foi lembrar-me de outras pesquisas, como a do IPEA, que aponta Alagoas como o Estado menos alfabetizado, como a do PNAD, que mostra esse Estado como o mais pobre do País, além do IDJ, com a pior expectativa de vida para a juventude. Isso eleva Alagoas ao pior Estado do Brasil para se viver. Enquanto isso os Taturanas estão de volta. - Onde e quando é que vai parar toda essa badernada ?

*(http://www.estadao.com.br/noticias/geral,unicef-33-mil-jovens-podem-ser-assassinados-em-7-anos,406138,0.htm)

quarta-feira, 15 de julho de 2009

À Patrícia Davino

"Talvez algo de bom surja disso, como ele disse.
Talvez algo cresça disso.
Se Você usar preto, estranhos muito gentis e irritantes virão tocar no seu braço e dizer que o mundo não acabou.
Eles têm razão. Não acabou.
Não importa o quanto Você peça pra acabar.
Ele gira e derrama azul pelo horizonte, manda ouro pela minha janela, me faz sentir feliz por três segundos, até eu lembrar.
Ele gira e empurra as pessoas de suas camas para seus carros e escritórios... Uma avalancha de homenzinhos desmoronando pela vida...
Todos tentando ignorar o que os espera quando tudo acaba.
Às vezes, ele gira e nos joga uns nos braços dos outros. Nos abraçamos apertados, excitados e sorridentes, estranhos atirados num piso rolante.
Intoxicados pelo movimento, esquecemos os riscos.
Quando o Mundo gira...
E alguém cai...
A queda é tão alta, meu Deus.
Entorpecidos pelo choque, só ficamos olhando enquanto eles caem, ficando cada vez menores...
Sumindo de nossas memórias, até não serem mais visíveis.
Nos reunimos em cemitérios, tensos e calados, tentando ouvir o impacto: o barulho de uma pedra contra um poço escuro, tentando medir sua profundidade.
Tentando medir quanto cairemos.
E o impacto não vem. O momento passa. O mundo gira e nós vamos embora, continuando nossas vidinhas...
Nos abrigamos em confortáveis banalidades contra o frio.
“O tempo cura tudo”.
“Ele não sofre mais”.
“O mundo não acabou”.
Ah, Alec.
Alec morreu."

(Alan Moore – Monstro Do Pântano 11 - pgs 24,25 e 26 – As Flores Não Falam)

domingo, 28 de junho de 2009

São todos ladrões

É muito poder delegado às instituições judiciais e legislativas, que apenas fazem justiça aos poderosos, ricos, banqueiros e a si próprios, deixando a mercê o desenvolvimento social, nesse mar de desigualdades, que só causam problemas para a democracia. São ricos da verba pública, enquanto a maioria da população amarga a vida com miséria absoluta. Tudo começa com eles, toda corrupção, todo crime social, toda barbárie, toda essa ‘zorra’ desorganizada, diante uma Suprema Corte bestial e sanguinária, perfeitos idiotas paspalhões sem moral, de narizes arrebitados em seus pedestais. Num universo de um salário mínimo ridículo, tabelado, sem nenhum limite de salário máximo; mesmo o que dizem ser tabelado é mentira, pois se enchem de horas extras e verbas extraordinárias, além do lobby que a influência do intercâmbio lhes permite. São ladrões mesmo. Finos. Dos mais cruéis e desalmados, perversos em seus mundinhos de whisky escocês e cocaína, pratos finos e uma luxúria desvairada.
Iludidos com os merecimentos de boas ovelhinhas , esses cordeirinhos demoníacos assombram a nação com o falso moralismo de uma liberdade que estimula o consumismo sem reflexões dos efeitos, quando nos deparamos com uma população alcoólatra e uma juventude viciada em crak, numa televisão que seduz com seus ares límpidos para uma população impossibilitada de consumir, humilhando e concretizando a continuidade de uma das piores distribuição de renda do mundo, esse universo de desinformação e escravismo trabalhista, um terrorismo diante a sombria realidade do desemprego. Sobre a alegação de serem ‘estudados’ e ‘eleitos’ mantém os vícios da bonança da fortuna adquirida. O desmatamento, a poluição dos berços hídricos, o excesso de automóveis, o péssimo serviço público (transporte, saúde, educação, habitação...), são lábaros que ostentam para manutenção desse progresso em desordem, falta-lhes o amor, a contra-repressão, a revolução batendo em sua porta.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Podre Poder...

Os políticos e juristas passam o dia inteiro com seus traseiros enfiados numa cadeira e só lêem os jornais, acho que nem tentam imaginar o sacrifício da profissão, a seriedade que o jornalista tem com o material que produz, sua coragem e sua determinação, o orgulho de ver o material pronto, publicado. Passamos uma fase muito tumultuada, com diversas ações da Polícia Federal contra a pedofilia, o crime organizado e principalmente a corrupção, com toda imprensa a divulgar abertamente, contribuindo solidamente com a elucidação pública dos fatos, quase sempre com autoridades do Poder Executivo, do Poder Legislativo e do Poder Judiciário, envolvidas até o pescoço, quer dizer, lá por dentro se mexe com uns palitinhos aqui, outros ali, e saem limpinhos, mas a imprensa cumpriu seu papel diante seu público civil. Nesses entraves do cotidiano do Jornalismo é onde nasce essa perseguição implacável dos bandidos e corruptores pelas denúncias, porque o Jornalismo os persegue também. Juntos, os outros três poderes, únicos em seus interesses maiores de superioridade, criaram uma barreira, denegrindo a imagem dos profissionais da Imprensa, com sarcasmo e cinismo, pendurando pra posteridade, no banco de reserva, os diplomas de bacharelado em Comunicação Social a que os jornalistas tinham como obrigação para o exercício de sua labuta, comparando os repórteres a profissionais autônomos, com o preconceito explícito a ambos, numa epopéia de zombaria autoritária.

domingo, 10 de maio de 2009

Urubus 01

Sempre que chove, das encostas de todo Vale do Reginaldo, adentrando até o Tabuleiro dos Martins, as águas correm para o leito do Canal do Salgadinho para dali desaguar no Oceano Atlântico, na Praia da Avenida, trazendo com elas todo lixo e animais que não conseguem fugir da enxurrada grota abaixo, encontrando na foz a força viva das ondas do mar, que chacoalham todo esse lixo e o devolve às areias brancas e finas daquela praia. Onde observamos a ação dos Garis que trabalham na remoção do entulho e dos urubus na louca aventura da sobrevivência, vasculhando em meio ao lixo a carniça do animal moribundo. Lula

domingo, 29 de março de 2009

NÃO COMPREENDO

Não compreendo o objetivo humano, de vida, na Terra;
Não compreendo as guerras religiosas
- Deuses com sede de sangue !
Não compreendo a devastação das matas, florestas e mangues;
Não compreendo a base do salário mínimo sem um teto para o salário máximo;
Não compreendo a covardia dos criadores de animais para abate
- O Homem não é carnívoro: se faz !
Não compreendo o vício de açúcar e álcool legalizados e a repressão à maconha;
Não compreendo a poluição e o assoreamento dos leitos hídricos;
Não compreendo as cidades superpovoadas com seu trânsito neurótico;
Não compreendo os grandes latifúndios;
- Não compreendo...
Não compreendo o que os Meios de Comunicação de Massa querem dizer;
Não compreendo a História do Homem escrita pelos brancos europeus;
Não compreendo a medicina comercial;
Não compreendo a polícia bandida;
Não compreendo o sentido humano na sociedade moderna;
- Não compreendo seus sentimentos !
Afinal de contas:
“Compreender é parede; seja uma árvore...”