quinta-feira, 23 de julho de 2009

Vergonha ESTADUAL !

“Nos próximos sete anos, 33 mil jovens entre 12 e 18 anos poderão morrer assassinados nos 267 municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes. A conta, apresentada hoje em um estudo preparado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e a Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), mostra ainda que, nessas cidades, a cada mil adolescentes de 12 anos, dois devem morrer de forma violenta antes de chegar aos 18”. Notícias* como essa são tratadas como corriqueiras, nós suspiramos, refletimos e lamentamos, mas nada podemos ou queremos realmente fazer. Tudo em nosso universo social são números, são dados, estatísticas, que denigrem a imagem evolucionista da humanidade.

A notícia* vai mais adiante: “Esse índice, no entanto, sobe muito quando se analisa as 20 cidades com maiores taxas de mortalidade jovem no País. Em primeiro lugar aparece Foz do Iguaçu (PR), em que 9,7 a cada mil jovens de 12 anos devem morrer antes dos 18. Em segundo lugar está Governador Valadares (MG), com 8,5 por mil. Entre as capitais, a primeira é Maceió (AL)...”. Será possível que de Alagoas não se tem boas notícias nesses números tão apavoradores ? Em todos os índices de tudo que é ruim nessas pesquisas, IDH e etc, este Estado aparece sempre como vilão. Se é a expectativa de vida para a juventude, se é o analfabetismo, se é o trabalho escravo, se é a corrupção plena, se é saúde, transporte, educação... O pior. Que pena, as vezes dá vergonha de ser alagoano. Não pelo seu povo ordeiro, trabalhador. Mas pelos seus dirigentes, da esquerda e da direita, incompetentes e desleais. Todos os três poderes muito bem aquinhoados desmerecidos pela realidade da população.

Da notícia* ainda recortei mais dois trechos: 1) “"O perfil desse jovem que morre assassinado é negro, de baixa escolaridade, morador de área carente. Um jovem negro tem 2,6 vezes mais chances de morrer assassinado que um branco; um homem adolescente, 12 vezes mais chances que uma menina", explicou Ignacio Cano, pesquisador da Uerj.”. e 2) “Entre 1990 e 2007, o número de mortes até cinco anos caiu de 137 mil por ano para 51 mil por ano. Mas 65% desses jovens estão deixando de morrer na infância para morrer na adolescência”, afirmou Manuel Bunovich, representante adjunto do Unicef no Brasil.”. É muito importante lembrar que esse texto trata de mortes violentas, assassinatos, não se refere às mortes naturais e acidentais. Pois trata-se de uma guerra civil plena, entre os miseráveis e os ricos, com as televisões a estampar conceitos inúteis em suas propagandas cheias de preconceitos e glamour ! Uma programação vulgar, quase sempre repleta de linguagem chula e informações extremamente filtradas, mentindo e iludindo, ludibriando as mentes com mensagens subliminares. O que me leva a refletir que o pior bandido usa terno e gravata, as vezes togas, e quando não, sem nada fazer, usam tangas nas praias do Caribe.

São nossas crianças, soltas nas ruas, desprotegidas, despreparadas, revoltadas com a condição que se lhes destina a existência. Faz algum tempo vi uma estatística que apontava o Brasil, entre 100 países do mundo, como 97° colocado em distribuição de renda, pau-a-pau com Honduras e Serra Leoa. Pior foi lembrar-me de outras pesquisas, como a do IPEA, que aponta Alagoas como o Estado menos alfabetizado, como a do PNAD, que mostra esse Estado como o mais pobre do País, além do IDJ, com a pior expectativa de vida para a juventude. Isso eleva Alagoas ao pior Estado do Brasil para se viver. Enquanto isso os Taturanas estão de volta. - Onde e quando é que vai parar toda essa badernada ?

*(http://www.estadao.com.br/noticias/geral,unicef-33-mil-jovens-podem-ser-assassinados-em-7-anos,406138,0.htm)

quarta-feira, 15 de julho de 2009

À Patrícia Davino

"Talvez algo de bom surja disso, como ele disse.
Talvez algo cresça disso.
Se Você usar preto, estranhos muito gentis e irritantes virão tocar no seu braço e dizer que o mundo não acabou.
Eles têm razão. Não acabou.
Não importa o quanto Você peça pra acabar.
Ele gira e derrama azul pelo horizonte, manda ouro pela minha janela, me faz sentir feliz por três segundos, até eu lembrar.
Ele gira e empurra as pessoas de suas camas para seus carros e escritórios... Uma avalancha de homenzinhos desmoronando pela vida...
Todos tentando ignorar o que os espera quando tudo acaba.
Às vezes, ele gira e nos joga uns nos braços dos outros. Nos abraçamos apertados, excitados e sorridentes, estranhos atirados num piso rolante.
Intoxicados pelo movimento, esquecemos os riscos.
Quando o Mundo gira...
E alguém cai...
A queda é tão alta, meu Deus.
Entorpecidos pelo choque, só ficamos olhando enquanto eles caem, ficando cada vez menores...
Sumindo de nossas memórias, até não serem mais visíveis.
Nos reunimos em cemitérios, tensos e calados, tentando ouvir o impacto: o barulho de uma pedra contra um poço escuro, tentando medir sua profundidade.
Tentando medir quanto cairemos.
E o impacto não vem. O momento passa. O mundo gira e nós vamos embora, continuando nossas vidinhas...
Nos abrigamos em confortáveis banalidades contra o frio.
“O tempo cura tudo”.
“Ele não sofre mais”.
“O mundo não acabou”.
Ah, Alec.
Alec morreu."

(Alan Moore – Monstro Do Pântano 11 - pgs 24,25 e 26 – As Flores Não Falam)