sábado, 8 de janeiro de 2011

Reflexão alcoólica

Que as pessoas ponham suas cabeças um pouquinho pra fora da 'caverna' e possam vislumbrar de uma consciência mais humanitária, mais integrada com o Meio Ambiente, com a Terra. Que as leis que tratam a bebida alcoólica como droga legal sejam revistas, que seja tratada como droga nociva à sociedade, como as outras drogas são. Pois só as esposas e os filhos que apanham, humilhados, por seus maridos e pais bêbados; os que perdem parentes e pessoas queridas por ações dos mesmos, isso corriqueiramente em nossa sociedade. Os bêbados fazem todas as ‘merdas’ e por estarem bêbados são perdoados. Matam, espancam, desrespeitam, estupram, destroem, enfim. Isso se deve ao alto escalão do poder ser também viciado numa bebidinha, também gosta de toda safadeza que proporciona o efeito de tal droga. Se há problema nas atitudes posteriores ao seu consumo, é perdoado pela magnífica doideira que proporcionou. É a máxima do rir de si mesmo, a máscara da caretice ! De não perceber um palmo além dos interesses pessoais, a doce ilusão de uma realidade sinistra e equivocada. Pois desmoraliza a nação inteira. Não acho mais qualquer graça no bêbado, nem os levo a sério. Não os quero por perto de mim. Na verdade quanto mais distante fico dos bêbados, mais agradável torna-se minha vida. Que tais leis consagradas pela justiça - milhares de adentro entranhados num labirinto de argumentos, protagonizando um poder sobrenatural às realidades mais comuns da humanidade - acordem para uma evolução em seu ápice de conhecimento, por uma comunicação globalizada; diante um capitalismo que insiste em manter vivas mentiras centenárias, milenares, contadas bem mais que mil vezes, repetidas continuamente, quando precisamos acordar para a consciência de que a humanidade faz parte de um sistema integrado com a natureza do planeta. Cada árvore, cada gota de água ou petróleo, cada grão de areia ou pepita, cada bicho, cada Homem. Então, pra que tanta sabedoria ?

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Mais uma prisão por porte de maconha

Fico triste quando prisões como a do Ricardo Tamanco (26/11/2010) acontecem (Estava com 1,5 quilos de maconha. Segundo a matéria ele não possuía nem crack , nem mela nem nóia nem coka nem cola. Apenas a erva). Triste porque tenho certeza de que a maconha, no reino das drogas, é das de menores malefícios. Triste sociedade hipócrita. Calada em seus buracos (cavernas platônicas) submissa aos seus merecimentos de boas ovelhinhas. Triste diante o fato de que há um desconhecimento absurdo dessa sociedade civil sobre o assunto. Indignado porque tratam como bandido um comerciante de maconha, mas não um comerciante de bebidas alcoólicas; daqui vêm todos contra mim: - mas tomar só uns golinhos não faz mal a ninguém ! - Faz ! Faz mal a todos. O bêbado é um problema muito grave. Ele perde completamente as estribeiras, só fala besteiras, comete crimes completamente irracionais, violento, bate na mulher, nos filhos, na mãe, no pai, nos visinhos; está sempre envolto aos acidentes de trânsito.

Enfim, o bêbado é completamente diferente do pacato maconheiro, que por sua vez é tranquilo e passivo, racional, leve; assim são os que eu conheço, assim o é o Ricardo, por todas as vezes que estive com ele. Lamento muito por esse vexame da justiça mundial, essa ladainha mesquinha, vendida, e sobre sua perspectiva a polícia bandida a deitar e rolar nessa estória. Não adianta um jurista qualquer vir para aqui me dizer qualquer firula de positividade nesses aspectos, porque não há uma razão específica que livre a bebida alcoólica do grau de ‘droga’, pois é uma droga como todas as outras, sendo uma droga da pesada ! Deixa o povo muito doido, vicia e mata (inclusive terceiros), e nem a turma da cocaína e derivados, pois é droga que vicia e por um vacilo mata numa overdose radical.

Outro dia estava numa praia ao sul da capital, durante o carnaval, caminhando tranquilamente pelas belas ruas de barro, quando me deparei com uma casa de portas escancaradas, pus-me a observar: logo na entrada uma parede de caixas de som estridentes tocava músicas de baixo escalão (bicicletinha, atoladinha, é na manteiga, daí pra diante), e o que mais me impressionou: mal perceberam minha presença de observador, os adultos todos bêbados, falavam quase que ao mesmo tempo, numa euforia entusiástica deslumbrante, entre eles o patriarca, um delegado de polícia, também bêbado, enquanto as crianças, em um cantinho a parte gesticulavam seus corpinhos, acompanhando as músicas, em gestos obscenos.

Essa falta de moral social, essa falta de respeito recíproco comum, essa disparidade de rendas; o Estado a gastar fixo, por mês, com um só senador R$ 490.000,00 (fora as horas extras, os lobbies, as comissões, o jogo de influências, etc. - Sabe-se lá quanto ganha um senador desses mais ‘espertos’ !), enquanto entra ano e sai ano e os habitantes da favela Sururu de Capote continuam lá, naquele submundo  que mais lembra a miséria da Etiópia e Serra Leoa... Não teria toda essa equipe integrada da justiça, política, polícia, e afins a fazer e se preocupar, do que prender um pacato maconheiro dentro de seu lar !? Vários deputados estaduais de alagoas foram ‘quase’ presos por formação de quadrilha, corrupção ativa e outras mazelas que a impunidade os livra. Deus, no quarto dia da criação da Terra semeou as ervas para nos curar... E Todos inda dizem-se cristãos (- Kapitalistas !).

Mas têm seus corações fechados para verdades verdadeiras, são ovelhinhas de um sistema terrorista que incentiva a miséria e massacra o pobre e joga na lama o pensador; que pouco se lixa para a dor alheia. Um sistema que quer a dor alheia para enriquecer com ela. Chegamos ao Século XXI com uma mentalidade social medíocre. Cada vez mais distante das essências divina e mais e mais envolto aos engodos das indústrias. Para termos uma idéia a marca número 1 do mundo Kapitalista é a Coca (cocaína) Cola (Soda Cáustica), não é essa a combinação do crack ? Em menores doses, mas é. Se disserem que não há mais esses produtos nesse refrigerante, digo então que restou apenas a apologia às drogas através da marca difundida.

Sem mais, com o coração partido de dó por essa hipnose irreflexiva global. Lamento pelo Tamanco. Tenho certeza que não o é um bandido por isso. Não deveria estar preso.

domingo, 31 de outubro de 2010

Lamentável

Sinto nos olhares de tantos companheiros o sentimento de ter traído alguma coisa, só porque em minhas reflexões sobre o Governo Lula, diante tantos fatos positivos e negativos ocorridos durante esses 8 anos de mandato, me ponho contra a segmentação desse sistema econômico, social e político que este governo mantém.

Dá-se início na manutenção dos altos salários parlamentares e do judiciário, permitindo ainda a lobby e horas extras, além de abonos magníficos. Isso também se dá, é claro, ao alto escalão do Executivo; tudo refletido perante um Salário Mínimo esdrúxulo de uma maioria populacional. Emergente, ao Meio Ambiente, o tal Pré-Sal devesse-ia, se acaso no futuro fosse preciso, ser explorado, pois, enquanto a tendência universal de saúde do Planeta Terra é de se explorar as energias naturais não poluentes, com tanto sol e vento, desperdiçados diante exigências mercadológicas impostas pela indústria automobilística e principalmente das que sobrevivem do Petrodólar.

Do sistema financeiro, hoje aparentemente estabilizado, permite que bancos e instituições explorem, numa agiotagem deliberada, a toda nação, num assalto silencioso e perverso; usa livremente as comunicações para induzir-nos, sedução em nome da Liberdade de Imprensa. Pior ! Seduz toda população ao consumo exacerbado de bebidas alcoólicas, também em nome dessa bendita Liberdade. Sobre as drogas, uma política equivocada a partir daqui, da bebida alcoólica legalizada amplamente propagada, e da participação ativa do Poder com o narcotráfico, deparamo-nos com esse caos generalizado, tornando a pobreza ainda mais marginalizada.

A Educação e a Cultura oscilam num Brasil dividido, além de apenas a evidência geográfica do Sul maravilhoso e o do Nordeste analfabeto, como uma gangorra, com um lado colado ao chão e outro suspenso no ar, numa só nação, extremos de qualidade de vida, de riquezas abastadas e misérias plenas. Quer dizer, isso é evolução, impensada e inconseqüente; Enquanto isso tantos milhões de meninos e meninas continuam abandonados, “com seus peitos crescendo, seus paus crescendo e os primeiros mênstruos”.

Os presídios são lotes do inferno; O transporte público caótico; A saúde pública a ver navios; Educação, em Alagoas especificamente, sinceramente mente-se. Afora todos os escândalos de corrupção abafados à Mídia, com personagens das mais diversas partidarizações, entre tantas operações da Polícia Federal pela Brasil (com nenhum definitivamente preso, inclusive alguns políticos reeleitos), foi escândalos seguidos, muita gente envolvida, ricos e influentes absolvidos, mantendo-se assim a terrível impunidade. Aí eu pergunto: devo enganar-me ?

Lamento companheiros, mas a visão que tenho do Lula no poder, quer dizer, do PT do Lula no poder, bem define Mikhail Bakunin: “o governo da imensa maioria das massas populares se faz por uma minoria privilegiada. Esta minoria, porém, dizem os maxistas, compor-se-á de operários. Sim, com certeza, de antigos operários, mas que, tão logo se tornem governantes ou representantes do povo, cessarão de ser operários e por-se-ão a observar o mundo proletário de cima do Estado”. Imagino o que diria Ernesto Che Guevara sobre esse Lula do Pré-Sal, burguês e vaidoso, cúmplice desse sistema imperialista do Kapitalismo.

sábado, 11 de setembro de 2010

O 'cara' é o Romário. Lula é outro cara.

Não quero ser taxado como mais um anti-Lula (Luiz Inácio), de modo algum, mas fico a refletir como tanta gente informada, velhos comunistas, anarquistas, formadores de opinião, com conhecimentos amplos, ainda vão acreditar que esse sistema mantido pelo Lula-lá é a salvação do Brasil. Escândalos como o do Lulinha (filho do presidente), que estava como um simples biólogo e de repente transformou-se num milionário das telecomunicações e latifundiário; a estória dos cartões corporativos; do mensalão; de corrupção da cueca ao pescoço. Sinceramente, não acho que Serra ou FHC fariam melhor que ele, de modo algum, muito menos Collor. Mas dizer que Lula fez uma grande reforma, ora ora, aonde ? Na educação ? No transporte público ? Construindo esses casebres de areia em áreas de risco ? Em saúde pública ? cadê ? A imprensa toda comprada, calada, engana-se a ponto de enxergar verdade plena no que diz, quer dizer, no que não diz, não pensa. Em 8 anos, qual foi o resultado da Reforma Agrária ? E o crescimento das queimadas e dos latifúndios para produzir o etanol ?  Pelo que vejo este governo preocupa-se demais com índices, incentivando graduações sem estrutura real, agindo superficialmente para elevar os números estatísticos que os veículos de comunicação divulgam. Muita mentira, e o pouco que fez é pura obrigação. Nenhum político deve se gabar de um pouco que tenha feito, e não tenha realmente concluído, diante uma miséria absoluta a que vive grande parte da população brasileira. É feio, meu presidente, ver alguém cheio de bossa, as vezes visivelmente bêbado, dizer-se ‘o cara’, sentir-se tal, tendo ao seu lado costumes, que a canalha mantém, para manutenção dessa burguesia, que a cada dia mais e mais se vulgariza. Lamento pensar assim. Gostaria muito de tê-lo como ídolo, como o mito que dizem que és. Não acho que a Dilma virá mudar, tenho a impressão que vocês são marionetes de um partido que a muito se corrompeu, nesse sistema político de libertinagem, é muito difícil não cair nas armadilhas do consumismo, não se iludir com a vida boa dos afortunados. É preciso se ter muito caráter, dignidade, honra, mas não... Como sou um tolo, um romântico, infantil, por pensar assim. Acho mesmo que o que está acontecendo politicamente com o Brasil é a falta de pessoas realmente comprometidas com as bases e com o futuro da Terra, que realmente leiam sobre os efeitos dessa evolução equivocada; a quebra dos elos, que ligam a miséria à riqueza, é extremamente visível, palpável, nojenta e descarada. Acho mesmo que esses caras todos, todos mesmos, acham que todos os brasileiros são acéfalos. Pois na verdade não há um que preste, me desculpe a Marina Silva, a quem declaro depositar o meu voto pela coerência de seus discursos, mas não vejo sentido é nesse sistema de governo, que permite todo tipo de falcatrua e não pune e, pelo contrário, estimula a corrupção; e que põe na cadeia, tratando-o como um bandido, um simples e relaxado usuário de maconha - Um dia escutei vossa excelência dizer na rádio, que os jovens começam nas drogas puxando um baseadinho - Mas que bobagem, meu presidente alcoolista, pois o caminho pras drogas está na distância entre os filhos e os pais e seus reflexivos exemplos. A bebida alcoólica é o primeiro passo dessa rede criminosa do tráfico, ela endoida, alucina, torna as pessoas violentas e vicia. Caia na real, meu presidente, vossa excelência está lidando com gente, com a gente brasileira (se é que isso lhe tem algum valor).

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sexta-feira, 20 de agosto de 2010

SENAC desconhece valor do diploma de jornalista e lança curso de fotojornalismo

 A crise do diploma dos Jornalistas chega numa fase crítica, tendo em vista o curso de Fotojornalismo que o SENAC oferta. Já procurei o Sindicato dos Jornalistas do Estado de Alagoas (Sindjornal), alertando sobre a existência desse curso. Uma suposta equipe de sindicalistas visitou a instituição e responderam-me que não é intenção do SENAC prontificar os formando desse curso às redações dos jornais. Além do constrangimento profissional que sinto, muitas dúvidas pairam sobre a possível inserção desses novos formandos, com salários bem inferiores aos que os jornalistas muito lutaram para conquistar; também sobre a qualidade de aprendizado, sobre o conteúdo programático, sobre questões como a ética, as leis e as normas do Jornalismo, enfim, sem querer desmerecer o conhecimento de qualquer pessoa, não dá pra acreditar que essa realidade venha culminar.

Um dos slogans que vi do SENAC em um folheto, “o caminho mais curto para o mercado de trabalho.”, é o que realmente me deixa intrigado. Porque fica clara a intenção desta instituição quanto a seus cursos em vigor. ‘Preparar para o mercado de trabalho’ - ou não é isso o que aqui se diz ?! - Confesso senti-me um tolo. Acho mesmo que o mundo está escangalhado ! Quando percebo que ao invés de se investir num conhecimento de base mais rigoroso e completo, transformando as escolas em verdadeiras universidades e as universidades como incubadoras de profissionais capacitados e de tecnologias humanizadas. Mas não, pelo contrário, o que há é uma plena desvalorização e vulgarização de um bacharelado, publicamente humilhante, enquanto se vende certificado de conclusão de 2° grau (os três anos do ‘científico’) em 2 e em até 1 mês de aprendizado. Sinto como se o navio que habito está a naufragar. E solitário, nesse universo flutuante das comunicações, a pleno naufrágio, a soltar pistolões aos céus, em busca de socorro, de ajuda, quem sabe alguns companheiros unidos não possam criar imediatamente mais estabilidade pro nosso temível navegar.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

FOTOJORNALISMO ?

Estou barbarizado, perplexo, com a tendência da ‘escolaridade’ no Brasil. Pelas ruas da cidade outdoors vendem diploma de conclusão de segundo grau com um mês de aulas ! Fico a refletir: Matemática; Física; Química; Português, Literatura e Redação; Língua estrangeira; Biologia; Geografia; História do Brasil e Geral; Sociologia e Filosofia.  Enfim, tudo em um mês. Fica claro que o interesse do Estado (Brasil) é de melhorar os índices tão negativos nas pesquisas sociais. Desculpe-me companheiro Lula Presidente da Silva, lamento se não tivestes tempo para o estudo e o parabenizo pela perseverança e inteligência ‘sócio-política’ que de ti emana, mas esse caminho da facilitação do acesso ao nível escolar é um crime contra toda disciplina e conhecimento a que tanto se lutou para popularizar. E, para engrossar o caldo, depois de o Superior Tribunal Federal dar a última facada em nosso diploma de Jornalistas (diga-se Gilmar Mendes), o SENAC de Alagoas lançou um curso de FOTOJORNALISMO em 40 horas aula (talvez inocentemente). O que me levou a essa reflexão, diante essa profissão reduzida a nível tão inferior. No curso de Jornalismo, no qual está inserida a profissão de Repórter Fotográfico (Fotojornalista), lecionam-se cadeiras como Estética e Cultura de Massa; Planejamento Gráfico; Comunicação Visual; Fotografia; Fotojornalismo; Telejornalismo; Edição; Cinema; Introdução à Pesquisa Bibliográfica e Documentação; Editoração; Produção de Vídeo; Cultura Brasileira; História da Cultura Alagoana; História de Alagoas; História da Arte; Psicologia da Comunicação; Sociologia Urbana e Rural; Publicidade e Propaganda; Legislação e Ética em Jornalismo; Antropologia Cultural; entre outras tantas, todas têm a ver com a prática do Jornalismo Fotográfico, são essenciais. É claro, bem sabemos que o ensino nas Universidades brasileiras (o Estado de Alagoas mantêm-se entre os piores índices do País) não é lá tão bom assim. Mas o acesso a todo esse conhecimento, a discussão entre os companheiros estudantes e professores, os livros, as aulas, o tempo do ser universitário (uma energia sublime que enaltece o ser), e tantas outras razões, para de repente saber que nem precisaria chegar a tanto para exercer tal profissão. Quero deixar claro que não estou a querer desvalorizar aquele que, assim como o Exmo. Presidente Lula (que são casos raros), já nasce com dons tão aguçados, com espírito de liderança e potencial de exercer determinadas funções, pelo contrário, acredito que se tivessem acesso ao conhecimento mais aprofundado de tais funções pudessem galgar num universo mais significativo, ou não. - Sei lá ! - Vejo é que o Brasil está mergulhado num universo midiático de linguagem chula, num cotidiano de costumes vulgares, numa evolução cosmopolita desumana de um trânsito neurótico e agressivo, de políticos e jurídicos corruptos e médicos receiteiros, além dos latifúndios desnecessários de matas extintas, enfim, fica aqui minha indignação, pelo sentimento de desprezo que me aflige. Percebendo que existem hoje centenas de faculdades a venderem diplomas em todo Brasil, num sistema de educação sem perspectivas claras de Mercado de Trabalho e embasamento prático, teórico e ético a 'ver navios'.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Um Repórter Fotográfico 01

Já ouvi burburinhos de todo tipo sobre a profissão do Repórter Fotográfico, entre tantos de que somos folgados, petulantes demais, curiosos, carrascos, carniceiros, desalmados, enfim, por outro lado, adorados, guardiões da verdade, tradutores do indizível, fantásticos, por aí. Sem dúvidas é uma profissão digna como qualquer outra: batemos ponto, cumprimos pautas, rodamos toda cidade, viajamos, subimos em morros e descemos em grotas, pulamos muros, tudo por uma boa imagem. A essência maior de nossa profissão é a paixão pelo que fazemos. Para nós é tão ruim quanto seja para alguns que caiam em nossas pautas, em momentos difíceis, que geralmente estão envolvidos com algum tipo de contravenção - por isso nos repudiam - mas a culpa não é nossa, é deles que estão envolvidos. Lamento. É minha profissão. O que diz um assaltante na hora que aperta o gatilho pra matar outro cidadão ? O que dizem os corruptos, na surdina, quando desviam a verba pública em seus benefícios ? O que dizem os estupradores para suas vítimas ? Os pedófilos ? Os traficantes de crack e de armas ? O que dizes ? O que tens a dizer da minha profissão ? Lá estamos, olho a olho com o furacão, debruçados em postes e janelas, acocorados, deitados, estirados no chão, com os pés na lama, oras pendurados em cordas, oras sobre cordas, nessa travessia pra eternidade. Contribuímos significativamente com a História, praticamos uma Antropologia de Informação, numa linguagem universal. Na linguagem da fotografia jornalística, que se pratica no cotidiano das pessoas e das cidades, com a pressão impulsionada pela velocidade dos Meios de Comunicação, postamos o que é de fato mais realístico. Oferecendo uma compreensão mínima - chegando mesmo a um nível de se exprimir em plena compreensão - embora navegue em dúvidas nossas mentes, quando, numa primeira visualização do quadro, o olhar encontra algumas respostas suficientes e instantâneas.

No olhar do Repórter Fotográfico está todo um ‘reino’ de conhecimentos, que procura no ambiente do entorno do objeto a composição do quadro, do mesmo modo que qualquer outro Artista ou músico, operando seus instrumentos, compondo. A rotina nesse reino não se repete absolutamente, nem ao passar dos anos, todo dia as pautas são outras, numa média de três pautas no dia a dia dos 250 dias úteis do ano; são 750 pautas cumpridas. A quantidade de fotos por pauta depende muito de cada profissional. Hoje faço uma média de 500 fotos por dia trabalhado (Durante e, principalmente, entre as pautas fotografo também gente nas ruas, aspectos gerais da cidade ou dos ambientes, animais, flores, texturas, ações cotidianas, companheiros do trabalho, pautas futuras, enfim, mantenho a câmara sempre alerta). No período de um ano são acionados 375 mil clics, o que na época do filme isso seria quase impossível - É claro que boa parte dessas fotos vai, logo na primeira visualização, para o lixo (cerca de 300 mil), para num final, selecionadas e tratadas, 45 mil fotos para 3 mil publicações/ano. É claro que o equipamento que usamos é preparado para esse rojão. Esse número pode vir a ser muito maior ou um pouco menor, mas é uma média de minha experiência atual.

A Caverna na Caserna Urbana

Sempre que vejo um automóvel estacionado sobre uma calçada relembro da teoria da caverna de Platão; na condição primária da alienação do consumo; é quando penso que uma pessoa pode se tornar alienada ao conviver apenas com a própria dedução do que é certo e errado, verdadeiro e falso; quanto ao egocentrismo crônico, voltado apenas para o seu universo, onde a realidade é tomada pela aparência.
 
Guiados pela comunicação persuasiva, persistente dos segmentos mercadológicos, a tal sombra projetada na parede através da luz da fogueira na caverna, dizendo como devemos ser, o que devemos fazer, com o que nos preocupar, com o que sonhamos e principalmente com o que consumimos.  Que a condição de poder está representada hierarquicamente através da manipulação do conhecimento, da idéia, da soberania do saber. Saber ? Saber o quê, como diria Sócrates, mestre de Platão, “só sei que nada sei”.

Para Platão, deveria a humanidade sair das cavernas e ganhar a liberdade. Que o Homem que quisesse sair dali, deveria vencer seus medos, quebrar as correntes da ignorância. Que é somente através do conhecimento, sabedoria e persistência que conseguimos sair da caverna e enxergar o mundo a nossa volta.

E assim nasce um novo homem.

Uma pequena ação, que parece por vezes inocente e tola, gera outra ação danosa, vexaminosa, humilhante, degradante. Um automóvel sobre uma calçada é uma covardia com os transeuntes, tantas vezes crianças, velhos, cegos, paraplégicos, cidadãos, têm seus caminhos obstruídos por esses gigantes impostos pelo consumismo inconseqüente. Imagine um automóvel para cada ser adulto do mundo, ideologia do consumo de massa, queimando combustível, poluindo nossa atmosfera, persistindo em cidades concretas que diante esses gigantes de lata sucumbe, numa ignorância urbana, pelo excesso não programado.

Velozes, esses automóveis chegam a atingir mais que 200 quilômetros por hora, em ruas estreitas, curtas, margeadas por calçadas que transitam gente. Mas percebamos, que não há culpa nem desculpa, nada é em vão, devemos exceder os limites do conhecer, para um novo e maduro amanhecer. Porém precisamos expandir o conhecimento e a sabedoria, erguer a alto-estima pública, fazer pulsar a força da vontade e agirmos.

O Homem em sua caverna. A realidade transtornada ao seu redor, num mundo a beira do caos, na condição heterogênea da divisão das classes sociais, impondo limites à condição de renda e aos tipos de habitação, diante o colapso do transporte coletivo, na epopéia da migração rural, expulsa dos latifúndios, numa terra que outrora, virgem, habitavam índios nômades em perfeita harmonia com a natureza.

A evolução, pela ótica da “roda da fortuna” está em plena involução, implodindo em si, seduzida pelos apelos das sombras projetas no fundo das cavernas, consumindo o que lhes é ditado, interagindo como lhe é imposto, glorificando o que seja conveniente para o Mercado, esmagando os sentimentos alheios a humanidade transborda em seu ápice de alienação, não tem mais como mentir.

E assim morre um velho homem.

sábado, 13 de março de 2010

Indo 02

Uma característica nefasta de Maceió, hoje, são suas praças abandonadas, a população parece não viver mais a cidade. São tristes, sem trato, sem atrativos, sem segurança; lamentável evolução, que esquece os primórdios da essência animal do Homem, que debruçado num volante de automóvel, transformado em ser cibernético, expande rancores e desarmonia entre todos os seres; lamentável realidade, de um animal que reina sobre tudo na Terra, que manda e desmanda, que aniquila culturas, que constrói destruindo inconseqüentemente, cegamente, engolindo os engodos empurrados pelos ásperos suplícios subliminares da Mídia, conduzidos por leis que determinam a tendência do mercado, diante uma população, a ver navios, alienada, replicando o reflexo desse magma pútrido que lhes é enfiado pelos sete buracos da cabeça. Pobre humanidade, de uma burguesia fútil e uma miséria plena, heterogênea sociedade, de limites marcantes pelos semblantes expostos...

Caminhando pelas ruas do Centro, um exercício de cidadania, nos deparamos com uma desordem absoluta, ruas estreitas e excesso de automóveis, faltam árvores nas ruas, as calçadas estão sempre ocupadas com placas, automóveis ou pequenos comércios populares, quando não estão esburacadas ou com entulhos. - E quem vai ligar para isso ?!... – Os governantes e autoridades afins não passeiam pela cidade, a conhecem por um triz, não amam, não tocam, não sentem. A vida tá muito dura, o mundo tá muito quente e não há harmonia existencial. Pra quem assiste a esse desequilíbrio quântico sensorial, que intermedia essa relação desigual extremada, dos que mínguam a fome e sede e dos que mamam nas mais gordas tetas públicas, vislumbra esse caos realístico. E de quem é a culpa ? da desculpa ?...

Triste, sigo minha saga poética, sofro o que tem que sofrer, curto e que tenho que curtir, amo o que tenho que amar, sonho o que tenho que sonhar, vivo o que tenho que viver, me indigno com o que tenho que indignar, sopro o que tenho que soprar, bebo o que tenho que beber, fumo o que tenho que fumar, luto o que tenho que lutar, abraço o que tenho que abraçar, respiro o que tenho pra respirar, detesto o que tenho que detestar, enfim, nau aos ventos, relembro um verso de Edgar Allan Poe:

“Desde criança nunca fui como outros foram
Nem meus olhos nunca viram
o que outros viram.
Já que minhas paixões não têm
a mesma origem,
Não vêm da mesma fonte
as dores que me afligem”...
(E. A. Poe – Folhetim – 28/07/85)

sábado, 23 de janeiro de 2010

Indo 01

Horas perdido na escuridão de si mesmo, perplexo com o nada de tudo ! Compreendo mas num comungo, blasfemo em vão, prum nada qualquer. Estúpido, irracional, transbordo plenas poesias para o absoluto alienado – a cegueira catastrófica do império Kapitalista – sem pestanejar uma sequer plenitude de luz. Escuto o doido do Hermeto Pascoal, esse vulcão em erupção permanente, ora gente ora porco, e identifico a aura poética da transparência mágica de um novo amanhecer... Me identifico ficando ou saindo confuso quando não me identifico, identidade borrada, aos 47 de leitura estou cego, a um ou dois palmos de luz, fruto do desgaste áureo do quilate da idade. Envelhecendo gradativamente gente num mundo de coisas adjacentes aos milhares a se nos oferecer. Um mercado de tudo e de muito mais a se criar, renovado a cada instante, renovando, renovando, num jogo de linguagens chulas, de reverberação subliminar, envolvendo pela persistência, envolvendo o pensamento com o compromisso pleno da verdade absoluta. Verdade desse mercado. Produto desse mercado: Kapitalismo. Uma mentira contada mil vezes vira verdade. A hipocrisia plena. Contínua. Por um Sistema implantado na cultura global da civilização. Então me questiono: Pra que escrever?!... Por quê?!... Por quem?!... Se por um determinado instante refiro-me a um ínfimo como pleno e a um pleno como ínfimo!?... Nessas medidas hierarquizadas, do quadradismo dos versos retos, no malabarismo quântico, multilateral, de toda essa babaquice produzida por esse sistema crônico, inconsequente, impiedoso, onde tudo é reflexo do valor do próximo, do outro lado da moeda, da cara e da coroa, numa gangorra com milhares de tetáculos, obedecidos pelo peso do poder. Quando refiro-me aos deuses, rogando toda náusea por esse navegar tão tortuoso, todo silêncio se expande pelo universo sem eco, sem reverberação, sem fim, sem respostas.