quinta-feira, 22 de abril de 2010

A Caverna na Caserna Urbana

Sempre que vejo um automóvel estacionado sobre uma calçada relembro da teoria da caverna de Platão; na condição primária da alienação do consumo; é quando penso que uma pessoa pode se tornar alienada ao conviver apenas com a própria dedução do que é certo e errado, verdadeiro e falso; quanto ao egocentrismo crônico, voltado apenas para o seu universo, onde a realidade é tomada pela aparência.
 
Guiados pela comunicação persuasiva, persistente dos segmentos mercadológicos, a tal sombra projetada na parede através da luz da fogueira na caverna, dizendo como devemos ser, o que devemos fazer, com o que nos preocupar, com o que sonhamos e principalmente com o que consumimos.  Que a condição de poder está representada hierarquicamente através da manipulação do conhecimento, da idéia, da soberania do saber. Saber ? Saber o quê, como diria Sócrates, mestre de Platão, “só sei que nada sei”.

Para Platão, deveria a humanidade sair das cavernas e ganhar a liberdade. Que o Homem que quisesse sair dali, deveria vencer seus medos, quebrar as correntes da ignorância. Que é somente através do conhecimento, sabedoria e persistência que conseguimos sair da caverna e enxergar o mundo a nossa volta.

E assim nasce um novo homem.

Uma pequena ação, que parece por vezes inocente e tola, gera outra ação danosa, vexaminosa, humilhante, degradante. Um automóvel sobre uma calçada é uma covardia com os transeuntes, tantas vezes crianças, velhos, cegos, paraplégicos, cidadãos, têm seus caminhos obstruídos por esses gigantes impostos pelo consumismo inconseqüente. Imagine um automóvel para cada ser adulto do mundo, ideologia do consumo de massa, queimando combustível, poluindo nossa atmosfera, persistindo em cidades concretas que diante esses gigantes de lata sucumbe, numa ignorância urbana, pelo excesso não programado.

Velozes, esses automóveis chegam a atingir mais que 200 quilômetros por hora, em ruas estreitas, curtas, margeadas por calçadas que transitam gente. Mas percebamos, que não há culpa nem desculpa, nada é em vão, devemos exceder os limites do conhecer, para um novo e maduro amanhecer. Porém precisamos expandir o conhecimento e a sabedoria, erguer a alto-estima pública, fazer pulsar a força da vontade e agirmos.

O Homem em sua caverna. A realidade transtornada ao seu redor, num mundo a beira do caos, na condição heterogênea da divisão das classes sociais, impondo limites à condição de renda e aos tipos de habitação, diante o colapso do transporte coletivo, na epopéia da migração rural, expulsa dos latifúndios, numa terra que outrora, virgem, habitavam índios nômades em perfeita harmonia com a natureza.

A evolução, pela ótica da “roda da fortuna” está em plena involução, implodindo em si, seduzida pelos apelos das sombras projetas no fundo das cavernas, consumindo o que lhes é ditado, interagindo como lhe é imposto, glorificando o que seja conveniente para o Mercado, esmagando os sentimentos alheios a humanidade transborda em seu ápice de alienação, não tem mais como mentir.

E assim morre um velho homem.

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