terça-feira, 3 de abril de 2007

Calçadas abandonadas

As calçadas são vias exclusivas para pedestres (e é claro paralíticos), mas essa lei não é respeitada. Têm calçadas em Maceió transformadas em mil e uma coisas: estacionamento, bar, jardim, comércio, vitrine, placas, canos, postes, enfim, o pedestre que se vire, muitas vezes em vias de trânsito rápido e intenso, tendo que desviar pela pista, correndo o risco de acidentar-se, porque aquele espaço está invadido. Eu, sinceramente, nunca vi qualquer ação contra essa invasão por conta de prefeitura ou governo. Acho mesmo que a partir de um certo grau na rede hierárquica da desigualdade social, estes elementos que estão acima, quer dizer, passam a ter mais dinheiro em suas contas, deixam por completo de ‘andar’ pelas ruas; compram seus automóveis belíssimos, últimos tipos, tetracombustível, etc, e, no máximo, dão uma corridinha pela praia... Tem ainda desses sujeitos e sujeitas que se acham no direito de tais invasões: humilham os que reclamam, ameaçam, desdenham, chegam mesmo a agredir a quem reclame. As vias urbanas realmente são projetadas para os automóveis, a visão pública (política) para os que caminham é absolutamente inoperante. Houve o tempo da bohemia que caminhava pela cidade, de esquina em esquina, cada quarteirão. A população vivia a cidade, transpirava a cidade. Hoje a cidade alastrou-se, inflamou-se de luxo e miséria, nos platôs e nas encostas, num protótipo de qualquer cidade que se urbanizou... A urbanidade tem consequências trágicas, em sua estrutura física e em sua estrutura pulsante... Não há um equilíbrio existencial, não há uma sintonia entre os elementos básicos, nem há conivência entre as camadas sociais humanas. Nos menores detalhes é onde podemos tocar nessa ferida, é quando há o encontro e automaticamente o desencontro, quando alguém está ali mas este alguém é ninguém, não faz parte do seu mundo.

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